Varejo, Vitrine e Visual Merchandising: História e Evolução

23.7.25 |

 

<img src="varejo-vitrine-visual-merchandising-historia-evolucao.png" alt="Ilustração com História do Visual Merchandising"/>

O varejo tem uma longa história. Desde os primórdios da humanidade produtos eram trocados em feiras para suprir necessidades básicas. Evoluiu para pequenas lojas, surgiram as vitrines e as lojas de departamentos. No post de hoje vamos falar sobre a história do Visual Merchandising, do Varejo e das Vitrines. Vamos lá?


*Conteúdo escrito por humano


Como tudo começou


Desde os tempos mais remotos, o homem sempre buscou suprir suas necessidades básicas com atividades de caça e pesca. Mais adiante desenvolveu habilidades para a agricultura, artesanato, produção de tecidos, entre tantas outras. Tudo o que fazia destinava-se ao consumo próprio. 


Com aperfeiçoamento dos meios de produção, alguns produtos tornaram-se excedentes e em vez de descartados, viraram moeda de troca por produtos diferentes e igualmente necessários à sua sobrevivência. Era o início do comércio e da prática do escambo, realizado em feiras, onde os produtos não eram avaliados. Eram trocados, pois não havia dinheiro envolvido na transação.


A prática de exposição de mercadorias nas ruas foi adotada na Idade Média no Ocidente com o desenvolvimento das cidades e do comércio, onde os homens escolhiam as ruas principais para expor seus produtos de forma atraente e criativa como um meio para atrair compradores.


Este formato de exposição durou muitos anos, e as primeiras lojas que surgiram usavam também placas de madeira ou metal com o nome do estabelecimento informando o que estava disponível para venda. Com crescimento da atividade comercial, surgiram as moedas, os bancos e o início do desenvolvimento do processo de distribuição e abastecimento das comunidades.


<img src="historia-do-visual-merchandising-General-Store-Florida.png" alt="Imagem General Store na Flórida"/>
General Store| Flórida

Mais tarde no século XIX surgiram nos Estados Unidos e na Inglaterra as lojas de mercadorias gerais ou general stores, que comercializavam todos os tipos de produtos: armas, alimentos, tecidos, ferramentas, implementos agrícolas entre outros. Mais adiante nascem as lojas especializadas como locais de vendas para produtos semelhantes. O varejo alimentício foi o pioneiro neste formato.


<img src="varejo-de-alimentos-seculo-xix.png" alt="Imagem de varejo de alimentos no século XIX"/>
Varejo de Alimentos

<img src=loja-especializada-seculo-xix.png" alt=Imagem de loja especializada no século XIX"/>
Loja Especializada

Lojas de Departamentos: a revolução do varejo


A Revolução Industrial no século XIX foi um salto para que novas tecnologias se desenvolvessem. A mais significativa para o varejo foi lançada em 1840: a produção de vidraças de grandes dimensões permitindo que as aberturas nas fachadas dessem origem às vitrines. Um novo conceito de varejo incorporou a novidade: as lojas de departamentos.


Em 1852, Aristide Boucicaut inaugurou em Paris a Le Bon Marché, pioneira na técnica de agrupamento dos produtos em categorias, na utilização das vitrines para exposição decorativa dos produtos, materializando o desejo de atrair um grande público que pudesse passear livremente entre os diversos setores da loja.


<img src="le-bon-marche-paris-1858.png" alt="Loja le Bon Marché em Paris 1858"/>
Le Bon Marché-Paris 1858

<img src=le-bon-marche-interior.png" alt= Interior da loja Le Bon Marché em Paris no século XIX"/>
Interior da le Bon Marché | Paris

Este novo modelo de lojas distinguiu-se do pequeno comércio varejista comum naquela época. A Le Bon Marché oferecia modernidade na forma de fixar os preços na própria mercadoria, possibilidade de troca dos produtos, e na sua arquitetura com entradas livres e principalmente na exibição dos produtos nas vitrines da fachada.


O novo conceito foi difundido rapidamente chegando aos Estados Unidos com a abertura da Macy's (1858), a Bloomindagle's (1872) e a Sears (1886) em Nova York, Marshall Field's em Chicago (1865). Gordon Selfridge, empresário norte-americano, entusiasmado com a novidade, fundou em 1909 a Selfridge's em Londres. 


<img src="selfridgs-londres-seculo-xix.png" alt="Imagem loja Selfridgs em Londres no século XIX"/>
Selfridg's Londres

<img src="interior-loja-selfrigs-londres-seculo-xix.png" alt=Interior da Loja Selfridgs em Londres no século XIX"/>
Interior da Loja Selfridgs | Londres

<img src="selfridgs-departamento-feminino-seculo-xix.png" alt=Imagem do departamento feminino da Selfridgs século XIX"/>
Departamento Vestuário Feminino | Selfridgs

A Selfridge's revolucionou o comércio local, utilizando grandes vitrines como pontos de atração ao exibirem as melhores mercadorias da loja. Estas vitrines permaneciam iluminadas à noite para que o público pudesse apreciar as apresentações dos produtos na volta para casa.


Lojas de departamentos nos Estados Unidos- Século XIX


<img src="marshall-fields-chicago-1865.png" "Imagem loja marshall Fieds em Chicago século XIX"/>
Marshall Field's | Chicago 1865

<img src=interior-da-marshall-fields-seculo-xix.png" alt=Imagem do interior da Marshal Fields século XIX"/>
Marshall Field's | Interior

No Brasil, os meios e vias de transporte foram aperfeiçoados facilitando o aumento do número de lojas. Surgiram a Casa Masson (1871), Casas Pernambucanas (1906), a Mesbla (1913). A Loja "Notre Dame de Paris, na Rua do Ouvidor já incorporava os novos formatos do varejo e se transformou em parada obrigatória das mulheres elegantes do Rio.


<img src="loja-notre-dame-de-paris-rio-de-janeiro.png" alt="Loja Notre Dame de Paris na Rua do Ouvidor no Rio de Janeiro"/>
Loja Notre Dame de Paris | Rua do Ouvidor, Rio


Vitrine | 1912

O autosserviço e o início do Visual Merchandising


Os formatos varejistas evoluíram e, em 1930 os Estados Unidos iniciaram o modelo de autosserviço, onde o cliente podia escolher e adquirir os produtos de forma autônoma. Até então as lojas ainda possuíam balcão de atendimento.


Este sistema de venda se popularizou e, sem a necessidade da venda assistida, era necessário expor as mercadorias de forma criativa para atrair o olhar do consumidor. Os varejistas perceberam que os produtos expostos nas vitrines vendiam mais rapidamente e adotaram a mesma prática no interior das lojas. Eram os primórdios do Visual Merchandising.


Estas técnicas ganham relevância durante a Segunda Guerra, período em que o mundo enfrentou uma grande crise. Com a economia devastada no pós-guerra, os fabricantes e atacadistas se valeram de todas as formas possíveis para colocar no mercado seus produtos e principalmente, vendê-los. E o varejo também precisava motivar o consumidor. A exposição dos produtos, principalmente nas vitrines, se tornou uma estratégia importante neste momento e as lojas iniciaram um processo de renovação, aprimorando as técnicas para alavancar as vendas.


Até as décadas seguintes as exposições mais impactantes ainda se concentravam nas vitrines principalmente em datas comemorativas e período de liquidação. Mas foi ao longo da década de 1980 com a recessão global proveniente da crise do petróleo e a chegada do comércio eletrônico que os lojistas sentiram o impacto nos lucros.


Então levaram os vitrinistas para o interior das lojas a fim de aplicar as mesmas soluções criativas e as técnicas usadas nas vitrines no ambiente interno destacando produtos nas prateleiras e araras, projetando as seções, criando pontos focais, linhas de visão, técnicas até então restritas a estes espaços externos. Assim nascia o Visual Merchandiser, profissional que passou a ser requisitado para conceber todas as exposições da loja.


A exposição dinâmica dos produtos aliou-se a novos elementos como som, aromas e outros dispositivos sensoriais e o que se conhece hoje como Visual Merchandising consagra-se como estratégia fundamental para alavancar as vendas e fortalecer a imagem da marca. Não apenas no setor do vestuário, mas outros tipos de varejo também exploram estas ferramentas para atrair consumidores como em lojas de decoração, floriculturas, alimentos, perfumarias e tantos outros.


Visual Merchandising | Floricultura

<img src=visual-merchandising-floricultura.png" alt="Imagem do visual merchandising no interior de uma floricultura"/>
Visual Merchandising | Floricultura

No Brasil, a introdução do Visual Merchandising com estas características, deve-se principalmente à chegada de marcas estrangeiras que, como vimos, adotam estas práticas há algum tempo. Segundo Ucho de Cravalho, designer e consultor de imagem (in Kalil, 2010), o consumidor muda seus hábitos de compra a cada dia. Hoje são consumidores mais informados. As marcas devem estar atentas para estas alterações, e as lojas devem deixar de ser pontos de venda para serem pontos de descoberta e experiência com a marca, oferecendo um ambiente envolvente para ajudar o cliente a percorrer o espaço e criar surpresas ao longo deste percurso.


Como vimos, das pequenas feiras de trocas de produtos até as megastores de hoje, houve uma evolução tanto nas vitrines como nas exposição dos produtos no interior das lojas. O profissional que exerce esta função - Visual Merchandiser, é muito requisitado, pois as marcas sabem o quanto a loja representa para o marketing da empresa. Sabem que, de nada adianta um investimento em produtos e publicidade se a loja não entregar o que o consumidor espera encontrar. A chegada do e-commerce, também impactou o varejo, mas nada se compara com a experiência de compra na loja física. Investir no Visual Merchandising é mais do que importante, é necessário.


E por hoje é isso.
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Créditos


Fontes

BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto-de-Venda. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003.

KALIL, Gloria. Fashion Marketing: relação da moda com o mercado. Ed. Senac São Paulo, 2010.

KOUMBIS, Dimitri. Varejo de moda: da gestão ao merchandising. São Paulo, Ed. Gustavo Gili, 2015.

LAS CASAS, A. L.; GARCIA M. T. Estratégias de Marketing para Varejo. Inovações e diferenciações estratégicas que fazem a diferença no marketing de varejo. São Paulo: Novatec, 2007. Disponível em:< www.novateceditora.com.br/livros/estmark/capitulo9788575221341.pdf>.

MORGAN, T. Visual Merchandising : Vitrines e Interiores Comerciais. Ed. Gustavo Gilli, SL. Barcelona, 2011.

SACKRIDER, F.; GUIDÉ,G.; HERVÉ, D. Entrevitrinas: distribuição e visual merchandising na moda. São Paulo: Senac São Paulo, 2009.




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